segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A ponto de explodir

Mente e Cérebro

Novos tratamentos farmacológicos e por acupuntura prometem atenuar as crises de enxaqueca, caracterizadas por dores de cabeça lancinantes, náusea e vômito.
por Felicitas Witte

Quando Maria começa a ver desenhos amarelos ziguezagueando a sua frente, só pode fechar os olhos e agüentar firme. Logo, a cabeça começa a martelar e a retumbar, como se fosse explodir. A dor lancinante, bem atrás da testa, a faz esquecer o mundo ao redor. Qualquer ruído transforma-se num verdadeiro rugido, todo movimento provoca náuseas. Lá fora, no corredor do consultório, o próximo paciente aguarda a vez. A fisioterapeuta, porém, não consegue nem pensar em trabalho - pelo menos até que a crise passe. E isso pode demorar.

Maria teve sua primeira crise de enxaqueca há 15 anos. Ainda se lembra muito bem. Já pela manhã, sentira-se mal. Então, por volta da hora do almoço, veio a dor de cabeça latejante. O lado direito martelava com muita força. Aos 19 anos, estava no meio de sua formação como fisioterapeuta. O stress da clínica e a luz artificial causavam-lhe problemas, mas ela nunca deixou que notassem. Naquela tarde, porém, foi para casa mais cedo que de hábito, abaixou as persianas e, exausta, adormeceu no sofá. Só foi acordar na manhã seguinte, 15 horas depois. Sentia-se cansada, mas as dores tinham desaparecido. Como se tudo não tivesse passado de um pesadelo.

Um mês depois, a mesma coisa: um mal-estar estranho pela manhã e, poucas horas mais tarde, a cabeça martelando. A jovem toma um analgésico, mas alívio mesmo só obtém no escuro do seu quarto, quando enfim consegue se deitar.

Que sofria de enxaqueca, ela ainda nem desconfiava. Embora tivesse fortes dores de cabeça semana sim, semana não, durante os dois anos seguintes, ela de início não procurou um médico. Escondia as dores até mesmo dos colegas na clínica. Não queria ser vista como uma pessoa que se queixava demais. O trabalho no centro cirúrgico de um grande hospital era seu primeiro emprego fixo.

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Felicitas Witte é doutora em medicina e atua como jornalista científica em Mannheim, Alemanha.

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